O prefeito Eckart Würzner, que está em uma missão para livrar sua cidade das emissões de carbono, não ficou muito impressionado com o fato de a General Motors, a Ford e outras grandes montadoras terem prometido abandonar os combustíveis fósseis.
O objetivo de Würzner é reduzir a dependência dos carros, não importa qual seja sua fonte de energia. Heidelberg está comprando uma frota de ônibus movidos a hidrogênio, construindo uma rede de “superestradas” para bicicletas na região metropolitana e projetando bairros que desencorajam o uso de veículos e incentivam a caminhada. Os recentes votos de abstinência de combustível fóssil feitos por muitas montadoras, incluindo a GM, a Ford Motor e a Jaguar Land Rover, são uma admissão tácita de que os carros não serão mais bem-vindos nas cidades, a menos que resolvam seus problemas.
Ao longo da próxima década, dezenas de cidades na Europa, incluindo Roma, Londres e Paris, planejam permitir apenas o trânsito de veículos livres de emissões de carbono nas regiões centrais. Algumas, como Estocolmo e Stuttgart, lar da Mercedes-Benz na Alemanha, já proíbem o trânsito de veículos a diesel mais antigos. Heidelberg, cidade de 160.000 habitantes às margens do Rio Neckar, oferece um vislumbre de como poderá ser uma cidade do futuro, com poucos automóveis.
Heidelberg é uma das seis cidades europeias consideradas “inovadoras” pela C40 Cities, organização que promove políticas urbanas favoráveis ao clima, cujo presidente é Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York. A cidade cortou o consumo de energia das escolas e de outros prédios públicos em 50% na última década — uma enorme conquista, considerando-se que muitas dessas estruturas têm centenas de anos.
Ciclista passeia pela cidade
A zona de pedestres de Heidelberg, geralmente repleta de turistas, mas quase vazia recentemente por causa da pandemia, é considerada a mais longa da Alemanha. Mas a melhor vitrine para o desejo da cidade de se livrar das emissões de carbono fica em um antigo pátio de carga ferroviária nos arredores da cidade.
O terreno, de onde foi preciso remover três bombas não detonadas da Segunda Guerra Mundial, oferecia aos planejadores uma folha em branco para criar um bairro sem impacto ambiental. Os modernos prédios de apartamentos, completamente diferentes dos encontrados no centro barroco de Heidelberg, têm um isolamento térmico tão eficaz que quase não precisam de energia para ser aquecidos.
Fonte:
Exame;